quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PENSAR ROLAND BARTHES E ANALISAR OS CONTRASTES: O MOSAICO DE CITAÇÕES E O CORAL POLIFÔNICO

O MOSAICO DE CITAÇÕES

Este ser, recebe em sua casa inúmeras visitas, escuta as mais diversas vozes há dizer o que fazer, onde deve estar e por onde caminhar. Quando lhe é requisitado a falar, logo, visivelmente um de seus amigos vai chamar. Seus conceitos estão fechados, seu mundo é padronizado, sua vida é alinhada, linearmente direcionada: a repetir, concordar e expressar o que há de escutar.
Quando vai desenhar olha ao lado, para ver o que o outro está a fazer, assim é no falar e também no escrever. É pacífico, sem ação, sem idéias, sem direção. Por um cordão ainda está amarrado, entrelaçado, subordinado, despedaçado.
Sua poesia é sem alegria, não mostra quem ele é. Seus versos mortos, se repetem, se entristecem, não se enlouquecem.
O Mosaico somente cita a ação, mas não a faz, não é capaz, não cria coragem, de mostra-la, de cria-la e recria-la, de ama-la, de excitá-la. É isso que o mosaico quer ser, apenas ler, copiar e sintetizar. Não quer plantar, somente podar, não quer construir, só rebocar, não quer beijar, só olhar. Quer ser alguem que como um papagaio, não fala sem primeiro escutar. Tem que ouvir e reproduzir, tem medo de cair, por isso nem quer subir.
Este é o mosaico, sua vida sem ação, lhe falta tesão, amor, paixão, linguagem, sacanagem, verdade, absurdos e insultos. Ele é o que os outros querem que seja. Ele só cita, não faz ação, ele só cita a ação.

O CORAL
O Coral adora cantar, dançar, escrever, amar, jogar, expressar-se. Ele recebe inúmeras visitas, muitas vozes ouve também. No entanto nem tudo o que lhe é dito é aceito. Uma de suas grande qualidades é a indagação, ele questiona, provocar e gera discussão. Ouvi idéias, recebe propostas, arma respostas.
Quando lhe é convidado a desenhar, olha para o lado, observa atentamente, e quer se diferente. Quando vai falar, utiliza seus conhecimentos, que aprendeu, que significou, que se apropriou, mas que não copiou.
Ele mesmo diz que aprender é um ato de escutar e, também, avaliar, analisar e observar. O Coral as vezes fica amarrado, amordaçado, mas não parado, desfazendo-se dos nós, libertando-se da prisão, expondo suas idéias, arrumando confusão.
Tece nos caminhos da vida os mais belos versos de amor que lhe vem de inspiração. Alegra-se ao escrever, e também gosta de ler. A leitura por sinal é sua grande aliada, dali ele conhece, amadurece, se engradece. Quando lê algum escrito, não pensa em reproduzir, mas dar outros sentidos, outros atritos, outros resquícios.
Como já falado, o coral ama cantar, não é atoa o seu nome. Uma das história mais bonitas de sua vida, foi o dia que o mesmo cantou, se apresentou. Preparou-se arduamente, chamou um monte de gente, pra ajudar, pra trabalhar, pra se alegrar, pra aprender e ensinar. Muitas pessoas compareceram para ver o que iria cantar, que tipo de canção, que tipo de ação. E no grande dia uma surpresa repentinamente foi anunciada, ele não iria cantar, na verdade até iria, mas sozinho não queria. Como que em um momento de alegria, fantasia, transformando o instante numa polifonia, chamou todos a cantar. Construindo naquele momento, sem medo de cair, no abismo a subir, uma linda canção.
Não pode-se aquilo explicar, eram todos a cantar, a amar, se alegrar, se esbaldar. Uma lição todos puderam aprender. Que pra crescer, amadurecer, ter identidade, falar a verdade, ser você, não ser uma reprodução, é preciso ter coragem, ser crítico. Loucuras muitas vezes devem ser feitas, com tesão, animação, astral, sem medo de pensar, de uma diarréia intelectual.
O Coral mostrou que sua música foi tecida, com diferentes versos, com uma grande construção. Idéias rebatidas, questionadas e explanadas. O Coral não é, e nunca foi sozinho ele é polifônico e continua a seguir os seus caminhos.




















SOBRE OS TEXTOS
O textos propõe-nos a pensar em diferentes visões do escrever, do ler, do construir idéias. Quando Barthes nos fala em levantar a cabeça, tomar o texto como não sendo do autor, mas criar nossos sentidos e significados, podemos nos refletir sobre a reprodução, a produtividade acelerada, que agarrada a idéias de outros sujeitos, somente são repassadas, clonadas.
O conceito de mosaico de citações foi tomado para um sentido de reprodutividade, onde são várias faces, vários fragmentos que são por si só. Juntados, colados, copiados, para um momento de não construção, mas apenas como diz o próprio texto, citar a ação.
Já o segundo texto propôs uma idéia de integração de idéias, diálogos, debates, fazendo-nos lembra de Platão, ao apresentar os diálogos de Sócrates.
Cada um poderá ter sua impressão, foi uma idéia de trazer o coral polifônico e o mosaico de citação.

o mito nike

O MITO CONTEMPORÂNEO
        Vestir-se para uma necessidade básica, vestir-se para passar o frio. Vestir-se para sonhar? É isso que pode-se remeter ao observar uma famosa marca de artigos de vestuário. Mas por que sonhar?
Ao construir históricamente por meio da linguagem, dos signos, da persuasão, uma imagem de fidelidade, de desejo, de qualidade e de confiança, uma artigo de vestuário não torna-se somente uma marca, mas sim, marca sua existência na vida das pessoas. Neste caso direcionara-se a marca de vestuário e produtos esportivos nike.
          Ao observar a história da nike e produzir significados do seu trajeto como uma empresa que sempre procurou se tornar referência no âmbito esportivo, pode-se notar como o processo de imersão na vida das pessoas se fez e se faz presente, através da utilização de diferentes linguagens simbólicas.
          Ao patrocinar atletas de renome, mostrando as pessoas, que quem fosse um ''aliado nike'', poderia ser um/uma campeão/a, a empresa foi se solidificando como uma marca que não apenas era um tênis, ou uma camiseta, ou um boné, etc. Mas sim o garoto que sonha em jogar numa grande equipe de futebol e, que para alcançar este sonho, poderá contar com a ajuda de uma super chuteira, que seu maior craque, sua maior referência utiliza.
            Entender este processo de publicidade que atravessa os horizontes de um país e transforma um objeto em um artigo supervalorizado é uma missão um tanto quanto difícil. Dessa forma os mecanismos que rodeiam a produção e lançamento de produtos para sociedade consumidora devem ter um olhar minucioso.
Remetendo-se aos produtos nike, poderia se fazer uma pequena comparação aos desenhos de televisão que trazem a imagem dos super heróis para seus telespectadores. Ao refletir sobre este contexto, que rodeia a fantasia, o sonho, a conquista, a imaginação, o poder de alcançar e de realizar, nota-se as mesmas características nos produtos que tentam transmitir uma imagem de sonho, de glória, de ascensão.
           Não trata-se somente de uma ascensão no esporte, mas também de alguem que se torna parte integrante de um grupo, de uma classe, mesmo não sendo, parece se tornar, pois utiliza o mesmo objeto que os ''melhores'' utilizam, não lingando para o preço, não importando-se com a necessidade, mas sim com o que a sociedade irá ver, o nike que esta em você.
         O mito aqui se faz, não só pela linguagem, mas também pela imagem, não só pela qualidade, mas pela vaidade, não só pela utilidade, mas pela sua multiplicidade de significados que causa nas pessoas.

cultura....

Cultura.....
Está aqui agora, o texto que irá de uma vez por todas, definir o conceito de cultura. Com certeza você ao ler isto não acreditará, pois sabe que a definição deste conceito por muitos e muitos anos já é tratado, no entanto sabemos o que aconteceu.
Talvez não saibamos tudo o que ocorreu, porém é certo que aconteceram inúmeras divergências entre as teorias, que possibilitaram um desenrolar desta palavra para as discussões sobre qual seu sentido e qual a real amplitude dada a este.
Será possível quantificar importâncias deste conceito? Ou mesmo revelar quais os elementos que os caracterizam? E quem sabe dizer o que ele realmente é? Estas repostas não estarão aqui explicitadas, por que assim como os Gregos, expresso o mundo com mais indagações do que respostas.
No entanto vale ressaltar que somente perguntar e não refletir sobre a(s) questão(ões), não é maneira mais inteligível de se chagar a pelo menos continuar uma escalada, que neste caso, já começou e está longe de terminar.
Este pequeno ensaio, e o nome já diz (onde estou ensaiando), tentará apresentar breves pontos e, que possam se expressar em possíveis entendimentos sobre o conceito de cultura até então tratado na contemporaneidade.
Vai-se aqui dessa forma, como diz na expressão popular '' começar pelo começo'', se é que tem-se um começo realmente fixado na história. Pois bem, se é assim que propõe-se vamos a alguns apontamentos. Sobre o conceito de cultura em Tylor, que digamos poder ser considerado o ''pai'' da expressão, observa-se uma infinidade de elementos que podem caracterizá-la segundo o autor. E de acordo com Laraia, Tylor sintetiza dois conceitos em um só, ampliando assim diversos contextos da condição humana. Como nos mostra Laraia:
O termo “cultura” surgiu em 1871 como síntese dos termos Kultur e Civilization. Este, termo francês ( Civilization) que se referia às realizações materiais de um povo; aquele, termo alemão que simbolizava os aspectos espirituais de uma comunidade. Naquele ano, Edward Tylor sintetizou-os no termo inglês Culture. Com isso, Tylor abrange num só vocábulo todas as realizações humanas.1
Ainda em Tylor, o conceito de cultura abrangendo um todo das realizações humanas como é mostrado na fala supra citada, foi considerado pelo autor como sendo: um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade2.”
Outro autor que remete pensar no conceito de cultura neste ecletismo é Clyde Kluckhohn, que enumerou pelo menos 11 (onze) possibilidades do que seria cultura nas 27 (vinte e sete) páginas de seu livro Miror for Man, como nos aponta Geertz3
E é Geertz, que vai dizer que as contribuições até então trazidas são se suma importância para a construção de um entendimento do conceito de cultura, entretanto diz que a escolha de vários caminhos para seu entendimento torna-se uma autofrustração. Geertz ainda diz que: […] não porque haja somente uma direção a percorre com proveito, mas porque há muitas: é necessário escolher[...].
Ao observar o que Geertz nos coloca, revela-se um emaranhado de reflexões sobre os conceitos até então trazidos. E sua posição do que seria cultura vem do que é refletido no pensamento de Max Weber, ao acreditar partindo de uma metáfora que o homem é um animal que vive preso a uma teia de significados por ele mesmo criada4. Assim Geertz explicita que as teias, e sua interpretações seria o que chamamos de cultura.
Dessa forma ele vê o estudo da cultura como um etnografia, onde para que ocorra sua análise e interpretação, deve-se buscar os sentidos/significados e, não pautar-se por uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado.


1Laraia, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, pg. 63
2Laraia, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, pg. 25
3Geertz, Clifford : A interpretação das culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1973, pg. 14
4Geertz, Clifford. A interpretação das Culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1973, pg. 15